quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Um filme com fantasmas, e não sobre fantasmas...


O cineasta mexicano Guillermo Del Toro adora nos surpreender com o visual de seus filmes. Quem não se lembra daquela criatura com os olhos nas mãos em "O Labirinto do Fauno"? Dos seres estranhos de Hellboy e Hellboy 2 - O Exército Dourado? Ou dos monstros e robôs gigantes de "Círculo de Fogo"? 

Tamanha criatividade também pode ser vista em "A Colina Escarlate", atualmente em cartaz nos cinemas. E o objetivo dele agora continua sendo provocar arrepios no espectador. O filme de época traz fantasmas com um visual tão assustador que vai fazê-lo se contorcer na poltrona. Mas calma, eles não estão lá para matar ninguém, e sim para perturba-lo(a).

Eu explico: "A Colina Escarlate" conta a história da escritora Edith Cushing, papel de Mia Wasikowska (a Alice no País das Maravilhas de Tim Burton). Ela acaba se apaixonando pelo misterioso Sir Thomas Sharpe, vivido por Tom Hiddleston, e se muda com ele para uma sombria mansão no alto de uma colina - a tal colina do título, que tem uma neve avermelhada devido à alta concentração de argila no solo.

Habitada também por sua fria cunhada Lucille Sharpe (papel da sempre ótima Jessica Chastain), a casa tem uma história macabra e a forte presença de seres de outro mundo não demora a abalar a sanidade de Edith.

Tudo na mansão assusta. O buraco no teto que faz nevar dentro da casa o tempo todo. O subsolo, repleto de tanques de argila líquida, que esconde segredos. Centenas de mariposas nas paredes, enfim, tudo parece contribuir para tornar o ambiente o mais estranho e sombrio possível.

Mas e os fantasmas? Ah, esses são muito estranhos, com aspecto de fumaça, dedos longos, movimentos retorcidos ao caminhar, faces medonhas. Eles guardam os mistérios do lugar e aparecem para Edith a fim de alertá-la para o perigo que é estar ali. É de gelar a espinha! Ela precisa sair imediatamente de lá. Mas como, já que ela fica no meio do nada?

O desenrolar da trama me lembrou a obra de Nelson Rodrigues, em que, por trás de uma falsa aparência de normalidade, as famílias estão rodeadas de segredos, muitos deles incestuosos. E ao encontrar esses "esqueletos no armário", a protagonista irá se ver em maus lençóis. Não dá pra contar muita coisa sem revelar importantes desdobramentos da história, então é melhor eu parar por aqui.

Resumindo: "A Colina Escarlate" é um bom filme de terror, assustador na medida certa e com uma ótima direção de arte, figurino e fotografia. Os que se impressionam mais facilmente podem ter pesadelos à noite. Ponto pro Del Toro. E fica a dica pra um outro filme de horror que ele produziu: Mama, de 2013. O cara sabe como nos abalar.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Alessandra Maestrini canta Barbra Streisand


O que você faria se a você fosse proibido estudar ou mesmo questionar? Aí está a temática de “Yentl Em Concerto” com a cantora e atriz Alessandra Maestrini.

A "cantriz" interpreta as canções imortais do filme. Tudo acontece no início do século XX. Yentl perde o pai, que lhe ensinava as sagradas escrituras; o que era proibido às mulheres da época. Decidida a desafiar o destino que lhe condenava a permanecer na ignorância de Deus, do mundo e de si, ela traveste-se de homem e segue para Yeshiva, onde se apaixona por Avigdor, seu colega de estudos, e precisa descobrir até que ponto está disposta a abrir mão de sua identidade.

“Yentl – The Yeshiva Boy” é um conto de Isaac Bashevis Singer que, em 1983, foi adaptado para o cinema tendo como protagonista a cantora e atriz Barbra Streisand. O filme ganhou, em 1984 o Oscar de melhor trilha sonora adaptada, Globo de Ouro de melhor filme musical e melhor diretor, para Streisand que também assinava o roteiro. Esta película é um dos maiores sucessos do cinema, um ícone do gênero musical.

Maestrini está no palco desnudo, acompanhada apenas do piano de João Carlos Coutinho, que assina a direção musical do espetáculo. A cantora e atriz assina o roteiro e a direção dos 75 minutos de espetáculo. Pode-se dizer que a interpretação de Maestrini é intensa e visceral, fazendo com que o público ao ouvir a música e a história, cheia de dúvidas e questionamentos de Yentl acerca da sexualidade e da sociedade, se identifique e se emocione. A leveza e o humor, traços reconhecidos da trajetória da artista, também dão um grande diferencial ao espetáculo. O público se delicia e se surpreende ao se ver em meio a gargalhadas emocionadas diante de temas normalmente considerados delicados.

Serviço:


Yentl Em Concerto
Data: 23 e 24 de outubro de 2015

Teatro Bradesco - Rua da Bahia, 2.244
Horário: sexta-feira e sábado, às 21h

Ingressos: R$70,00 (inteira) R$35,00 (Meia)
Classificação:12 anos
Mais informações: (31) 3516-1360

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Simbora!

A obra de Wilson Simonal se mantém cada vez mais moderna e chega pela primeira vez ao teatro pelas mãos de Nelson Motta e Patrícia Andrade. Sucesso de crítica e público no Rio de Janeiro e São Paulo, o espetáculo desembarca em BH este fim de semana.

Para a produção do musical, foi feito um resgate do riquíssimo repertório de Simonal, mostrando essa figura improvável, pobre, negro, que se tornou o maior astro popular do país, fazendo música de altíssima qualidade. O espetáculo, contudo, não se furta a falar sobre a decadência de Simonal, condenado a um “exílio” involuntário, e toca nos temas polêmicos que cercaram a carreira do artista.

A trajetória de Simonal não encontra paralelos na história da música brasileira. O prólogo parecia ser comum: garoto pobre tem que batalhar muito para conseguir mostrar o seu talento. Mas, no momento em que foi descoberto por Carlos Imperial - personagem fundamental na história do futuro astro e narrador da peça -, ele explodiu. O Brasil inteiro cantou Balanço Zona Sul (seu primeiro sucesso), Sá Marina, País Tropical, Meu limão, meu limoeiro, Lobo bobo, Mamãe passou açúcar em mim, todas presentes no roteiro do espetáculo.

Na década de 60, Simonal era um astro da televisão e do rádio e apontado por muitos como o maior cantor brasileiro, com público e crítica a seus pés. Já no início da década de 70, sua carreira começou a se desestruturar: o artista encerrou um contrato com a TV Globo, brigou com o Som Três, que o acompanhava desde o início, e desfez o escritório da Simonal Produções.

A gota d’água aconteceu quando Simonal, desconfiado do seu contador, pediu ajuda a amigos policiais (agentes do DOPS), que o sequestraram para que denunciasse quem o estava roubando na sua produtora. O episódio culminou na prisão do cantor, que, posteriormente, em uma cadeia de equívocos, foi acusado de delator a serviço da ditadura militar. Embora nada nunca tenha sido provado, Simonal dizia que até torturadores e terroristas foram anistiados, menos ele, que se transformou em um morto-vivo e foi condenado a um ostracismo artístico até sua morte, em 2000.

Serviço

S’imbora, O Musical – A História de Wilson Simonal
Data e horário: de 16 a 18 de outubro/ sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h
Local: Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro/BH
Informações: (31) 3236-7400 ou 4003-2330
Classificação: não recomendado para menores de 12 anos
Duração: 2h40 (com intervalo)
Ingressos: Plateia I – R$ 180 (inteira) / R$ 90 (meia)
Plateia II – R$ 160 (inteira) / R$ 80 (meia)
Plateia Superior – R$ 140 (inteira) / R$ 70 (meia)