quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um mergulho no mar de Almodóvar

Um dos principais cineastas da atualidade, o espanhol Pedro Almodóvar se inspirou em três contos da escritora canadense Alice Munro, vencedora do Prêmio Nobel, para criar seu novo filme, "Julieta". O longa, que estreou no Festival de Cannes no ano passado, chega agora ao Brasil. Mais uma vez, as mulheres são o foco principal, numa trama que fala sobre paixões arrebatadoras, maternidade, abandono, culpa e depressão.

Julieta é uma jovem professora quando, numa viagem de trem, conhece Xoan, um pescador casado com uma mulher em coma. Os dois se apaixonam e, dessa união, nasce Antía. Tudo é narrado em flashbacks. Quando o filme começa, Julieta perdeu todo e qualquer contato com a filha. É por meio de um encontro casual com uma antiga amiga de adolescência da menina que a ferida é reaberta. Ao ter notícias de Antía, a protagonista desiste de se mudar com o namorado para Portugal e tenta reencontrá-la, revisitando o passado - o que pode ter consequências devastadoras.

Em pouco mais de uma hora e meia de exibição, mergulhamos junto às personagens numa trama misteriosa, que transborda emoções - o que é enriquecido pela trilha sonora com ares de suspense. Afinal, o que levou Antía a abandonar a mãe? Conseguirá Julieta refazer a sua vida, mesmo com a inerente dor da ausência?

Na tela, duas belas atrizes se revezam no papel de Julieta. Na meia idade ela é vivida por Emma Suárez e na juventude por Adriana Ugarte, dona de uma beleza natural e ao mesmo tempo estonteante. Ambas estão ótimas no papel, transmitindo com maestria as dores e as delícias da personagem-título. Completam o elenco Daniel Grao (Xoan), Inma Cuesta (Ava, artista plástica amiga de Xoan), Rossy de Palma (Marian, empregada mal-humorada da casa), Priscilla Delgado (Antía jovem) e Blanca Parés (Antía adulta).

"Julieta" pode não ser o melhor trabalho de Almodóvar, mas está longe de ser ruim. O final, em aberto, pode desagradar a alguns, mas mostra que é impossível controlar aqueles que amamos e que às vezes, precisamos aprender a conviver com a própria dor, por mais difícil que isso possa parecer.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Um espetáculo Improvavel...mente ruim!

A Cia. Barbixas de Humor estará de volta a Belo Horizonte para apresentar a peça “Improvável”, que estará em cartaz no Teatro SESIMINAS entre os dias 13 e 15 de maio. O espetáculo de humor é baseado na criação de cenas improvisadas, nas quais a plateia tem participação fundamental.

Na peça, inspirada em “Whose Line is it anyway”, game show de sucesso nas TV`s americana e britânica, um mestre de cerimônias convidado explica para o público as instruções dos jogos de improviso, desafia os humoristas e escolhe as sugestões vindas da plateia. Outro ator também é convidado pelos Barbixas para se juntar a eles nos desafios de improvisação. Por isso, como o improviso é a base para as encenações, o público irá assistir a um espetáculo diferente e interativo.

Serviço



Improvável em BH com a Cia Barbixas de Humor
Data: 13 a 15/05
Horário: Dia 13 (sexta-feira) às 20h e 22h, dia 14 (sábado) às 19h e 21h e dia 15 (domingo) às 18h e 20h
Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia) 

Local: Teatro SESIMINAS - Rua Padre Marinho, 60, Bairro Santa Efigênia, Belo Horizonte

quinta-feira, 24 de março de 2016

E assim começou a Liga da Justiça

* Contém spoilers
O tão aguardado embate entre o homem de aço e o homem morcego finalmente chegou. Estreou no último dia 24 de março "Batman Vs Superman: A Origem da Justiça". O longa teve direção de Zach Snyder, o mesmo de "O Homem de Aço", de 2013, primeira aventura de Superman protagonizada por Henry Cavill. E aqui já vai o primeiro alerta: é preciso ter visto esse filme para compreender melhor a história de "Batman Vs Superman".

É que o longa começa justamente quando a nave do General Zod praticamente destrói Metrópolis. E vemos a tragédia sob um outro ponto de vista, a de Bruce Wayne, alter ego do Batman. Ele presencia a destruição de um dos prédios das empresas Wayne. A partir dali percebe-se que o Superman pode representar uma ameaça à sociedade, justamente por ser um alienígena, uma espécie de Deus impossível de ser controlado pelos seres humanos.

É importante ressaltar que, antes disso, Snyder reconta, à sua maneira, a origem de Batman. Acompanhamos o menino que perde os pais durante uma tentativa de assalto (muito bem filmada, por sinal, com vários trechos em câmera lenta), e que cai em uma caverna habitada por morcegos. Dali temos um salto e já vemos o super-herói adulto, encarnado por Ben Affleck. O ator teve sua escolha muito criticada para o papel, principalmente pelos fãs, mas a meu ver, dá conta do recado, mesmo tentando fazer "cara de mau" em alguns momentos.

O que se vê então são questões políticas ganharem força: afinal, precisamos ou não do Superman? Ele é ou não perigoso? Enquanto a senadora Finch (Holly Hunter) quer levar a questão para o senado, o jovem milionário Lex Luthor (papel de Jesse Eisenberg, numa interpretação que confere um misto de loucura e arrogância à personagem) contrabandeia uma enorme pedra de kriptonita e planeja ataques terroristas. No encalço dele está a jornalista Lois Lane, mais uma vez interpretada por Amy Adams.

Mas vamos ao que interessa: a batalha entre os protagonistas do longa. Todos sabemos que o Superman é mais forte que o Batman. Para ter mais chances, o Homem-Morcego recorre a uma armadura que o deixa parecido com um robô (sério, é tanto metal que é até difícil acreditar que ele conseguiria dar uma passo de tão pesado. Lembrou até a armadura que o Homem de Ferro usou para enfrentar o Hulk no 2º filme dos Vingadores). A pancadaria corre solta graças também ao uso da kriptonita, que enfraquece o Superman e faz o Batman ter certa vantagem.

Mesmo quem não acompanha os quadrinhos sabe que esse combate tem hora pra acabar. E é justamente o amor de mãe que faz com que os heróis parem de se digladiar e façam parte do mesmo time. Coincidência ou não, tanto a mãe de Batman quanto à mãe adotiva de Clark Kent se chamam Martha. E como essa última corria perigo nas mãos de Luthor, lá se vai a dupla tentar salva-la.   

É nesse momento que "Batman Vs Superman" ganha outro enfoque, com um monstro criado por Lex Luthor a partir do corpo do General Zod, dentro da nave dele. E para não destruir de novo a cidade (cá entre nós, os cidadãos de Metrópolis já sofreram demais no filme do Homem de Aço), a luta dessa vez é em Gotham City, num local abandonado. Só pra constar, eu não sabia que as duas cidades eram vizinhas - é isso que dá a entender no filme.

E a Mulher Maravilha? Ela aparece no começo como uma espécie de espiã que desafia Bruce Wayne. Agindo por conta própria, surge logo a pergunta: Afinal, de que lado ela estará? Na batalha final, dá pra notar a força da heróina, com seu escudo, braceletes e laço mágico. Gal Gadot é bonita e elegante, mas eu ainda não sei se foi a melhor escolha para o papel.

Como se vê, muitos elementos são jogados no filme, mas nem todos se desenvolvem. E não para por aí: ao vasculhar arquivos roubados de Lex Luthor, Bruce Wayne ainda descobre outros meta-humanos, como são chamados: Aquaman e Cyborg. E em um de seus pesadelos ele ainda encontra com o Flash!

O final pode chatear alguns, com a morte de Superman, que usa a kriptonita para matar o monstro e se sacrificar. Mas no universo dos heróis não há verdade que dure 24 horas. E quem morreu pode ressuscitar sem muitas explicações. Menos mal, principalmente para quem é do "Time Superman". A terra flutuando sob o caixão de Clark mostra que ele voltará, podem ficar tranquilos.

Se ainda ficou tanta coisa no ar, pelo menos a gente sabe que muitas respostas virão no próximo filme, o da "Liga da Justiça", que começa a ser rodado no dia 11 de abril. A enxurrada de filmes de heróis continua, e pelo visto está longe de terminar! Que bom...

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

E o Oscar foi para...

A 88ª edição do Oscar, a grande festa do cinema mundial, aconteceu na noite deste domingo, 28 de fevereiro, diretamente do Dolby Theater, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A cerimônia foi apresentada pelo ator negro Chris Rock, justamente em um ano marcado pela ausência de indicados negros nas categorias principais.

A festa começou com um clipe com cenas dos principais lançamentos do ano passado. Em seu discurso de abertura, Chris alfinetou os negros que boicotaram a cerimônia, para, no final, pedir mais igualdade de oportunidades entre brancos e negros na indústria do cinema.

A ordem da premiação mudou este ano. A academia resolveu fazer como num filme de verdade, e começou com os prêmios de roteiro. Na categoria original, deu "Spotlight - Segredos Revelados". E na de adaptado, "A Grande Aposta".

Outra novidade é que os vencedores tiveram apenas 45 segundos em seus discursos de agradecimento, e todos enviaram previamente os nomes daquelas pessoas a quem gostariam de dedicar o prêmio, que passavam na parte inferior da tela (cá entre nós, tão rápido que mal dava pra ler).

Na sequência tivemos o prêmio de melhor atriz coadjuvante. Alicia Vikander ganhou por "A Garota Dinamarquesa".

"Mad Max: Estrada da Fúria" dominou o bloco seguinte e levou pra casa os Oscars de Melhor Figurino, Design de Produção e Cabelo e Maquiagem.

"O Regresso", como era esperado, foi eleito o filme com a melhor fotografia. A melhor montagem foi para "Mad Max: Estrada da Fúria". O longa de George Miller também ganhou o prêmio de melhor edição e melhor mixagem de som, totalizando seis Oscars até agora, sem chance de ser ultrapassado por qualquer outro filme.

"Ex Machina" foi reconhecido como o filme com melhores efeitos visuais.

Em seguida tivemos o Oscar de Melhor Curta de Animação, que foi para "Bear Story", do Chile. A categoria foi apresentada pelos Minions. Buzz e Woody, de Toy Story, anunciaram o vencedor na categoria mais aguardada por nós, brasileiros, a de longa de animação. Como era esperado, "Divertida Mente" foi o vencedor, desbancando "O Menino e o Mundo", de Alê Abreu.

Sylvester Stallone deve ter ficado muito chateado por não ter ganhado o troféu de coadjuvante pelo seu Rocky Balboa, do filme "Creed: Nascido Para Lutar", como era esperado. O vitorioso foi Mark Rylance, de "Ponte dos Espiões".

Na seção dedicada aos documentários, os vencedores foram "A Girl in the River: The Price of forgiveness" (curta) e "Amy" (longa).

O escolhido como melhor curta de live action foi "Stutterer" e o filme em língua estrangeira foi "O Filho de Saul", da Hungria.

O momento emocionante da noite ficou por conta da apresentação de Lady Gaga da canção "Til it happens to you", do documentário "The Hunting Ground", que fala sobre abuso sexual. Ao final da música, dezenas de pessoas entraram no palco com mensagens de otimismo em seus braços, o que levou muitos da plateia às lágrimas. Apesar disso, o prêmio ficou com "Writing's on the Wall", do Sam Smith, pelo filme "007 Contra Spectre", que se apresentou no início da noite. O outro show musical foi da banda The Weeknd, que interpretou "Earned it", do filme "Cinquenta tons de cinza" - o grande vencedor do Framboesa de Ouro, entregue no sábado. Os outros dois indicados não se apresentaram durante a cerimônia.

Enio Morriconne venceu na categoria de Trilha Sonora Original, por "Os Oito Odiados" e foi ovacionado de pé por todos.

Depois de três horas de Oscar, os principais prêmios da noite começaram a ser entregues. Alejandro G. Iñárritu, de "O Regresso", foi eleito o melhor diretor, pelo segundo ano consecutivo.

Brie Larson, que ganhou praticamente todos os prêmios a que foi indicada, foi eleita a melhor atriz, por "O Quarto de Jack". E, finalmente, Leonardo DiCaprio desencantou e ganhou o seu Oscar de melhor ator por "O Regresso". Em seu discurso o ator reforçou a importância da relação do homem com a natureza e a defesa do meio-ambiente.

E finalmente, o último prêmio da noite, o de melhor filme. Deu "Spotlight - Segredos Revelados", o polêmico longa-metragem que aborda o abuso sexual de crianças por padres da igreja católica.

Resumindo: "Mad Max: Estrada da Fúria" foi o grande vencedor da noite (6), seguido por "O Regresso" (3) e "Spotlight - Segredos Revelados" (2). "Ponte dos Espiões", "A Grande Aposta" e "Ex Machina" receberam 1 cada.

E que venha o próximo ano!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Geraldinos: o fim de uma era

Durante mais de 6 décadas, milhares de torcedores se aglomeravam numa área à beira do fosso do Maracanã para acompanhar os times do coração. Era a chamada "geral", um espaço democrático, com ingresso barato, que atraía todo tipo de gente: da figura folclórica e apaixonada que se fantasiava para ver o jogo, até aqueles mais discretos, porém supersticiosos, que andavam de um lado para o outro, sem parar, evitando até mesmo olhar para o que acontecia dentro das quatro linhas. E não para por aí não: havia também aqueles que xingavam jogadores e atiravam objetos no treinador, e tentavam evitar, a todo custo, o gol adversário.

É esse o universo retratado por Pedro Asbeg e Renato Martins em "Geraldinos", documentário lançado ano passado, e que ganhou o troféu Barroco de melhor filme eleito pelo júri popular na 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que aconteceu de 22 a 30 janeiro. Acompanhe o bate-papo que eu fiz com eles:

Pedro Vieira: Como surgiu a ideia de fazer o filme?

Pedro Asbeg: A gente ficou sabendo que a geral ia acabar e resolvemos então ver um jogo nesse setor, mas sem a intenção prévia de fazer um filme. Só que saímos de lá com a certeza de que precisávamos registrar aquele ambiente especial e que era um absurdo que ele acabasse. No jogo seguinte já estávamos lá com uma câmera, observando quem estava mais exaltado, quem fazia as caretas mais legais e fomos descobrindo esses personagens. Filmamos dez jogos e aos poucos fomos encontrando os Geraldinos que tinham as histórias mais legais para contar.

Pedro Vieira: A geral foi extinta no Maracanã com as reformas para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Como foi reencontrar os Geraldinos que gravaram depoimentos para o filme anos depois?

Renato Martins: O tempo foi um dos fatores que ajudaram o nosso filme a acontecer. Começamos as filmagens em 2005 e retomamos em 2013, após o fim da geral. E descobrimos que poucos deles ainda frequentavam o Maracanã, que se transformou numa arena com ingressos caros. A geral acabou se transformando nos botecos ou até mesmo no quintal da casa desses torcedores. Alguns continuam indo porque têm gratuidade ou um amigo descola o ingresso, mas a maioria deixou de ir ao estádio.

Pedro Vieira: O que aconteceu no Maracanã acabou se repetindo em vários estádios Brasil afora, com as reformas para a Copa do Mundo. Como vocês analisam esse processo de elitização do futebol?

Pedro Asbeg: Eu acho que isso é um problema mundial, já que estádios na Europa estão passando pelo mesmo processo. Mas o futebol no Brasil é o esporte mais popular, faz parte da nossa cultura, traz lazer às pessoas, então esse problema se torna ainda mais grave. Eu acho que o que aconteceu foi um crime, um estupro. Acabaram com o Maracanã, tanto do ponto de vista cultural quanto arquitetônico. Transformaram-no em um negócio sem alma.

Pedro Vieira: Vocês ouviram depoimentos de ex-jogadores como Romário, Zico, além de jornalistas, do representante da concessionária responsável pela reforma do Maracanã e até políticos, como o deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL do Rio, cada um com uma opinião diferente sobre a geral. Para vocês, o fim dela é um caminho sem volta?

Renato Martins: O futebol está passando por um processo de involução. Quando ele surgiu, na Inglaterra, era um esporte aristocrata, e nós, no Brasil, conseguimos transformá-lo em um esporte popular, para as massas, e agora as massas estão sendo excluídas do futebol. Não existe mais a seleção brasileira, e sim a seleção CBF, em que são os patrocinadores que escalam os jogadores. Eu vejo a esperança na série C, nos times de várzea. Se os grandes clubes continuarem no processo em que estão, no futuro a garotada estará torcendo pelo Barcelona ou Real Madrid, times que eles veem só pela televisão. Existe solução, mas tem que ter vontade política e empresarial pra isso.

Pedro Asbeg: O que a gente está fazendo é necrofilia, estamos lidando com um cadáver, mas somos tão apaixonados que não queremos ver isso.

Pedro Vieira: Na 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o filme foi exibido no Cine Praça, ao ar livre. Como foi participar do evento e ainda por cima ser eleito o melhor filme pelo júri popular?

Pedro Asbeg: Quando houve o convite para participarmos da mostra foi uma surpresa muito grande. A sessão em praça pública foi emocionante, pois traz uma outra relação com o público. E o nosso filme fala justamente sobre espaços públicos, fala de inclusão e exclusão, o que tornou tudo ainda mais legal. E ficamos surpresos ao ganhar o troféu, realmente não esperávamos.

Pedro Vieira: Geraldinos foi exibido pela primeira vez no Festival É Tudo Verdade, em 2015. Como está a distribuição do filme?

Pedro Asbeg: Não temos verba específica para a distribuição então iremos diversificar. A ideia é levar o filme para o maior número de pessoas através do sistema de video on demand. Também iremos fazer algumas exibições no Canal Brasil, que é coprodutor do filme.

Renato Martins: Queremos levar o filme para cinemas alternativos do Rio, São Paulo, Minas Gerais e também para o sul e nordeste, mas a plataforma on demand será a principal maneira de distribuição do documentário. E quem quiser saber mais informações pode acessar a página
www.facebook.com/geraldinosdoc

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Faroeste jurássico

É até sacanagem comparar as mais recentes animações dos estúdios Disney/Pixar. Enquanto "Divertidamente" fez bonito ao faturar quase US$ 900 milhões mundo afora, "O Bom Dinossauro" tem amargado míseros US$ 300 milhões (US$ 50 milhões a menos do que custou).

OK, não é um prejuízo estrondoso, mas para os produtores que só pensam em cifras, dificilmente o filme terá uma continuação, por exemplo - algo muito comum entre as animações hoje em dia. E eu posso dizer que se trata de uma grande injustiça. "O Bom Dinossauro" é um belo filme sobre amizade.

Sabe o meteoro que caiu na Terra e extinguiu os dinossauros? Então, dessa vez ele passa "raspando" em nosso planeta. Resultado? Após milhões de anos, são os seres jurássicos que estão no comando. E naquilo que poderíamos chamar de "uma fazenda no Arizona, Estados Unidos", vive Arlo e sua família.

Eles são apatossauros e vivem da subsistência: arar, plantar, regar, colher, armazenar alimentos. Uma vidinha bastante pacata. Cada um tem uma função na casa. Só que Arlo é bem medroso e mal consegue alimentar uma espécie de galinha pré-histórica sem se atrapalhar todo. Disposto a mostrar um ato de bravura, ele se dispõe a capturar uma criatura que estava roubando alimento da família.

É aí que o bicho pega: a tal criatura é um menino das cavernas bem feroz. Os dois vão acabar se afastando de casa e terão que enfrentar uma longa jornada - cheia de perigos, diga-se de passagem, para retornar ao lar. E o que era antipatia irá se transformar numa linda amizade.

Spot, a criança humana, está mais para o "cachorrinho" de Arlo e é responsável pelas melhores cenas do filme. E ao contrário do que você possa pensar, os tiranossauros do pôster não são os vilões do longa-metragem. A ameaça principal são pterodáctilos famintos, em cujas falas se percebe uma clara referência ao fanatismo religioso dos dias atuais 

O visual do filme impressiona. As cenas de natureza parecem incrivelmente reais, o que destoa dos dinossauros, que têm aspecto de desenho animado. São cenários que lembram os filmes de faroeste.

Em sua jornada, Arlo vai crescer, amadurecer, vencer seus medos e aceitar que laços fraternos às vezes também precisam ser desatados. "O Bom Dinossauro" pode não ser a melhor animação dos últimos tempos, mas é uma das mais emocionantes que eu já assisti, sem dúvida. 

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Belo Horizonte recebe a 42ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança


Conhecida como um dos eventos mais tradicionais da cena cultural de Belo Horizonte e como a maior ação de popularização das artes cênicas do país, a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança traz, em 2016, 159 espetáculos, sendo 62 inéditos, 103 para o público adulto, 43 peças infantis, 11 apresentações de dança e duas de rua, que serão exibidos entre os dias 6 de janeiro e 6 de março, em diferentes endereços da capital mineira.

Promovida pelo Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc), o tema desta edição será “BH tem Campanha”. Com programação diversificada, o evento terá preços populares: R$ 5, R$ 10, R$ 12 e R$ 15, conforme o espetáculo. Esses valores são promocionais para ingressos adquiridos nos Postos de Venda da Campanha e pela internet. Na bilheteria dos teatros, os preços variam conforme cada estabelecimento.

De acordo com os organizadores, a expectativa de público desta edição é de 350 mil pessoas. Uma novidade é a utilização de aplicativos na compra de ingresso. Além da compra online no site www.sinparc.com.br, o público poderá utilizar o novo aplicativo do Sinparc, Vá ao Teatro MG, www.vaaoteatromg.com.br/mobile, que tem download gratuito para tablets e smarthphones, acessar a programação completa da 42ª Campanha e comprar os ingressos sem precisar entrar na fila.

Outro aplicativo é o Teatro Brasil, www.appteatrobrasil.com.br/noar, que apresenta a programação completa das salas de espetáculos de todo o país. Também com download gratuito para tablets e smarthphones, o recurso, inédito no Brasil, direciona o público para o site de compra Vá ao Teatro MG.

A 42ª Campanha se estenderá às cidades de Betim, Conceição do Mato Dentro, Juiz de Fora, Nova Lima e Sete Lagoas.

Serviço

42ª Campanha de Popularização do Teatro e Dança - Belo Horizonte
Data: 6 de janeiro a 6 de março de 2016
Preço: R$ 5, R$ 10, R$ 12 e R$ 15 (preço nos postos de venda para peças adulto, infantil e dança).
Nas bilheterias dos teatros, os preços são diferentes, conforme cada estabelecimento.

Postos de venda do Sinparc:

Mercado das Flores
Av. Afonso Pena, 1.055 - esquina com Rua da Bahia
Diariamente, das 9h às 19h
Funcionamento: 4 jan a 6 mar

Shopping Cidade (Piso Tupis)
Rua Tupis, 337 – Centro
Segunda a sábado, das 10h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

Shopping Pátio Savassi (Piso L3)
Av. do Contorno, 6.061 - Funcionários
Segunda a sábado, das 14h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

Shopping Estação (1º Piso)
Av. Cristiano Machado, 11.833 – Venda Nova
Segunda a sábado, das 14h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

Metropolitan Shopping Betim (3º Piso)
Rodovia Fernão Dias - km 492, 601
Segunda a sábado, das 10h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

ItaúPower Shopping (2º Piso)
Av Gen. David Sarnoff, 5.160 – Cidade Industrial
Terça a sábado, das 14h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

Shopping Del Rey
Av. Presidente Carlos Luz, 3.001 – Pampulha
Segunda a sábado, das 14h às 19h, domingos, das 14h às 18h
Funcionamento: 6 jan a 6 mar (exceto 6 a 9 fev. Retorno dia 10 fev, às 12h)

Venda On-line e Aplicativos da Campanha
Venda on line - www.sinparc.com.br
Aplicativo “Vá ao Teatro MG” - www.vaaoteatromg.com.br/mobile
Aplicativo Teatro Brasil - www.appteatrobrasil.com.br/noar/
Download gratuito.

Informações: www.sinparc.com.br – (31) 3272-7487

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Ninguém te ama como seus avós. Será?


Eu gosto do diretor M. Night Shyamalan. Acho injusto quando dizem que ele perdeu a velha forma depois do sucesso de “O Sexto Sentido”.

Mesmo sem conseguir superar o sucesso de seu filme mais famoso, eu curti outros longas dele, tais como “Corpo Fechado”, “Sinais”, “A Vila”, “A Dama na Água” e “Fim dos Tempos”, só pra citar alguns.

Li na imprensa que ele se redimiu dos recentes fracassos com o seu novo longa-metragem, “A Visita”. Bom sinal, afinal, se até a crítica especializada estava falando bem do filme, ele devia ser mesmo bom. Pois bem, assisti e achei o resultado muito impressionante!

Nele, dois irmãos vão passar uma semana na fazenda dos avós, na gelada Pensilvânia. A mãe deles não se dava bem com os pais, então eles nunca se conheceram. O que era para ser uma visita divertida e tranquila se transforma numa experiência aterradora quando eles descobrem que os
idosos estão envolvidos numa situação perturbadora.

Os doces velhinhos, que sempre parecem querer entupir os netos de gostosuras, vão se mostrando figuras enigmáticas, com estranhos hábitos noturnos. É muito esquisito, de arrepiar! Não dá pra revelar muita coisa sem contar partes importantes do filme, e todo mundo sabe que, em se tratando de M. Night Shyamalan, os finais dos filmes sempre são surpreendentes.

Olivia DeJonge é a jovem que sonha em ser cineasta. Seu irmão mais novo, vivido por Ed Oxenbould, quer ser rapper. No intuito de documentar o que seria essa primeira semana com os avós, eles estão sempre com câmeras nas mãos, registrando tudo, e é daí que vem o estilo “found footage” escolhido pelo diretor para contar essa história. Esse recurso já foi utilizado à exaustão em inúmeros filmes – o mais famoso deles foi “A Bruxa de Blair”. Pode parecer batido, mas funciona muito bem nessa história.

“A Visita” não se trata de um terror tradicional, e sim de um “terrir”, já que tem muitos momentos engraçados. Mas não é uma comédia, longe disso. Está mais para um suspense com alguns poucos sustos, mas cuja história é recheada de tensão. O alívio cômico vem da relação entre os dois irmãos adolescentes, que são ótimos, e já fazem o filme valer a pena.

Pena que ficou tão pouco tempo em cartaz nos cinemas. Mas é uma excelente opção pra quem quer ficar grudado no sofá da sala em frente a TV.