quinta-feira, 21 de maio de 2015

Até onde você iria por amor?

“Senhora dos Afogados” – de Nelson Rodrigues – a mais nova montagem da Cia da Farsa, mostra a linha tênue que separa o amor e a loucura

Depois de fazer sucesso na 41ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, a Cia da Farsa, premiado grupo de teatro com 13 anos de história, volta em cartaz em Belo Horizonte com um dos textos mais polêmicos do teatro brasileiro: “Senhora dos Afogados”. A obra, escrita por Nelson Rodrigues em 1947, ganhou uma adaptação contemporânea, que moderniza o mito de Electra.

Tudo começa com o velório de Clarinha, segunda filha da tradicional família Drummond a morrer afogada. Mas afinal, a menina se matou ou foi um acidente? O mistério aumenta quando o patriarca da família, Misael, recém-empossado ministro, passa a ser assombrado por um fantasma do passado, ao mesmo tempo em que é confrontado pelo noivo da filha Moema, um homem em busca de vingança. Uma trama cheia de segredos revelados e com um final surpreendente.

Segundo o diretor convidado João Valadares, apesar da tragédia, o amor é um dos principais pilares da peça. “Senhora dos Afogados é como uma missa rezada às avessas. Os personagens, de certa forma, estão pecando, cometendo grandes crimes, mas tudo em nome do amor. O público irá encarar questões importantes do cotidiano, do ser - humano, mas tudo com diversão. É um espetáculo honesto, com a nossa leitura, que traz bastante da trajetória da Cia da Farsa”, diz.

Indicado ao Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas 2015 na categoria “Melhor Criação de Luz”, por Felipe Cosse e Juliano Coelho, “Senhora dos Afogados” inova ao trazer para a trilha sonora apenas canções de rock das bandas Talking Heads e Radiohead. O cenário é de Yuri Simon, os figurinos de Steysse Reis, maquiagem de Gabriela Domingues, e preparação corporal e assistência de direção de Anderson Vieira. No elenco estão os atores Alex Zanonn, Alexandre Toledo, Marcus Labatti, Pedro Vieira e Sidneia Simões.

SERVIÇO

Cia da Farsa apresenta: “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues
Quando: De 05 a 21 de junho – Sextas e sábados às 21h, domingos às 19h
Local: Teatro Marília – Av. Alfredo Balena, nº 586 – Santa Efigênia
Ingressos: Na bilheteria: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia)
Nos postos do Sinparc: R$ 12 (preço único)
Lista amiga: mande seu nome para o e-mail ciadafarsa@gmail.com e pague R$ 10
Classificação indicativa: 16 anos / Informações: (31) 3277-6319

sábado, 2 de maio de 2015

O que você faria se parasse de ver as pessoas?

Essa semana eu tive a oportunidade de assistir a pré-estreia do filme "Entre Abelhas" e, de quebra, entrevistar o ator Fábio Porchat, que veio a Belo Horizonte divulgar o longa-metragem.

Apesar do pouco tempo que tive para conversar com ele (cerca de 3 minutos e meio - o que pra rádio é até um tempo considerável), deu pra perceber como o Porchat está feliz com este novo projeto, que foge bastante do estilo em que a gente está acostumado a vê-lo.

Em "Entre Abelhas" ele vive Bruno, um editor de imagens recém-separado da esposa que passa a não mais enxergar as pessoas. Elas vão desaparecendo, literalmente, inclusive das fotos. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê... Com a ajuda da mãe, vivida pela ótima Irene Ravache e do melhor amigo, interpretado por Marcos Veras, ele vai tentar descobrir o que se passa na sua vida. No elenco estão presentes ainda os atores Marcelo Valle, Giovanna Lancellotti e Letícia Lima.

A proposta do filme é bem interessante e prende a atenção do espectador. Afinal, o que está acontecendo com ele? A gente fica o tempo todo tentando encontrar uma explicação lógica, esperando o momento em que Bruno voltará a enxergar as pessoas.

"Entre Abelhas" tem toques de humor. Não é um filme para dar gargalhadas, mas também não é do tipo que nos faz chorar. É uma tragicomédia nervosa. A própria figura do Porchat (e de alguns de seus colegas de "Porta dos Fundos" que estão no elenco) já é engraçada por natureza, mas é bom separar as coisas. Não é esse o objetivo do filme. Inclusive há cenas bem dramáticas, como quando ele se encontra sozinho numa São Paulo deserta, ou quando a mãe, doente, passa mal e ele não consegue enxergá-la ou ajudá-la.

O roteiro é do Porchat e do amigo dele, Ian SBF, que também assina a direção. O final, que eu não vou revelar aqui, claro, dá margem para várias interpretações. Uns acham genial, outros, frustrante. Vá e tire suas próprias conclusões.

Quanto à entrevista que eu fiz com ele, ela foi ao ar no Cinefonia deste sábado, 02 de maio, programa de cinema que eu produzo na Rádio Inconfidência. Se você quiser conferi-la, basta clicar aqui.

Abaixo, a minha foto com o Porchat depois da entrevista. Um daqueles momentos em que é difícil separar o jornalista do fã...