quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Princesinha do mar


Num determinado momento do filme “Moana – Um Mar de Aventuras”, o semideus Maui pergunta para a protagonista Moana: “Você é uma princesa?” Ao que ela responde: “Não, sou só a filha do chefe!”

O diálogo mostra bem a mudança recente no perfil dos filmes da Disney. A clássica história da frágil princesa em busca do seu príncipe encantado vem ganhando contornos mais modernos. Se em “Frozen – Uma Aventura Congelante” o amor fraternal era o fio condutor da trama, em “Moana” a heroína nem par romântico têm. Mas isso não é motivo pra você desanimar de assistir o filme. Como o próprio subtítulo diz, é uma animação focada numa intensa aventura em alto mar.

Moana é uma jovem corajosa que vive numa ilha polinésia, em uma tribo descendente de uma longa linhagem de navegadores. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar a família, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Acompanhada pelo lendário semideus Maui, Moana fará uma jornada em mar aberto, onde enfrentará terríveis criaturas e descobrirá histórias do submundo marinho.

Um dos pontos altos do filme é justamente apresentar a cultura do povo da Oceania, pouco retratada no cinema, com suas crenças e lendas. Triste é saber que muitos têm enxergado mensagens satânicas no longa-metragem, o que é um tremendo absurdo.

Mas voltando ao que interessa: “Moana” tem personagens pra lá de carismáticos. Maui, semideus que usa um anzol mágico para se transformar em diferentes animais, se mostra uma criatura dócil, com suas tatuagens que se movem, apesar da cara de mau. Tem a avó idosa Tala, responsável por contar as histórias que despertaram na neta o gosto pela aventura. Há ainda o Chefe Tui, pai durão e superprotetor de Moana. Sem falar do galo de estimação Hei Hei, responsável por algumas das cenas mais hilárias do filme.

Os números musicais também estão lá, mas não são entediantes. O hit “Let It Go”, que Elsa entoava em “Frozen” e que atingiu o topo de muitas paradas de sucessos mundo afora, encontrou uma "competidora" à altura para ficar na cabeça da gente: "How Far I'll Go", indicada ao Oscar 2017. A gente sai do cinema cantarolando a música.



É impressionante também a qualidade técnica da produção. Os cabelos ondulados de Moana que se agitam ao vento, as diferentes tonalidades da água do oceano, a fauna marinha... tudo é de encher os olhos. Mais uma animação da Disney que vai entrar na sua quase infindável lista de sucessos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Suave na nave




Provavelmente você já deve ter assistido um monólogo no teatro. Um único ator em cena, interpretando um ou vários personagens. É preciso ter jogo de cintura pra prender a atenção da platéia ou então a monotonia toma conta do espetáculo. O que vemos na primeira parte de “Passageiros”, novo longa-metragem de Morten Tylden (o mesmo de “O Jogo da Imitação”) é quase isso: um monólogo do ator Chris Pratt.

O astro, que se tornou um dos principais nomes de Hollywood depois do sucesso de “Guardiões da Galáxia” e “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, dá vida a Jim, passageiro de uma nave com destino a um planeta colonizado pela Terra. A promessa de uma nova vida é o que seduziu os quase 5 mil tripulantes a embarcarem nessa aventura. Durante uma chuva de meteoros, a cabine onde Jim hibernava para de funcionar e ele acorda 90 anos antes do tempo programado.

A situação é deseperadora. Sem acesso à torre de comando, ele perambula pelos corredores e compartimentos, numa relação até meio claustrofóbica, apesar das enormes dimensões da nave. Como não enlouquecer? O tempo passa e a solidão só é interrompida graças a Arthur, um garçom-robô interpretado por Michael Sheen, e que vira uma espécie de amigo confidente.

Diante do medo de envelhecer e morrer sozinho, Jim acaba tomando a difícil decisão de acordar um segundo passageiro: Aurora, papel de Jennifer Lawrence. Engana-se quem pensa que a escolha foi aleatória. Consultando o perfil dela nos arquivos tecnológicos da nave, Jim desenvolve uma espécie de amor platônico por ela. No início Aurora acha que a sua cabine também foi avariada, mas não é preciso ser nenhum gênio pra saber que logo ela descobrirá toda a verdade. História de amor ou sentença de morte?

Os conflitos do casal terão que ser deixados de lado quando eles descobrem que a nave está correndo um sério risco e que eles são os únicos capazes de salvar os milhares de colegas em sono profundo.

"Passageiros” é um filme interessante. Os ótimos efeitos visuais ajudam a entender como a nave futurista funciona. Tudo é automatizado e pensado no bem-estar dos passageiros. Assim como na nossa sociedade, quem tem mais dinheiro possui mais regalias.

Apesar dos poucos atores em cena (Lawrence Fishburne completa o elenco), o carisma e talento de Chris Pratt e J-Law seguram o longa em suas quase duas horas. Um drama com pitadas de comédia romântica, com belíssimas cenas do espaço sideral, e que foge das produções convencionais justamente por ser também uma ficção científica. Vale o ingresso.