terça-feira, 27 de maio de 2014

Um choque de bilheteria


* Contém spoilers

OK, você já sabe que a Sony resolveu recontar a história do Homem-Aranha e pra isso contratou um novo diretor, elenco, blá blá blá... os mais puristas podem até ter ficado bravos, já que os astros Tobey Maguire e Kirsten Dunst ficaram de fora, mas pra mim esse "reboot" veio bem a calhar.

Dirigido por Marc Webb, a saga de "O Espetacular Homem-Aranha" traz um herói mais fiel aos quadrinhos, divertido, bem-humorado, capaz de fazer piadinhas enquanto luta. O ator Andrew Garfield, mais franzino e com ar de adolescente, mandou bem no papel, assim como Emma Stone, que interpreta Gwen Stacy, primeira namorada do mascarado.

A equipe está de volta em "O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro". É um bom filme, mas eu ainda prefiro o anterior. Desta vez, Peter tem novos desafios pela frente: enfrentar os traumas e dramas do seu passado, lidar com a volta do seu amigo Harry Osborn (Dane DeHaan) e manter o perigoso romance com Gwen, mesmo após prometer a seu pai que ficaria longe da garota. Nesse meio tempo ainda terá de lutar contra os vilões Electro, Duende Verde e Rino para salvar Nova York.

Dos três vilões, o que tem mais espaço é Electro, claro. Interpretado por Jamie Foxx, ele é tipo um "Zé Ninguém" que trabalha na Oscorp. Salvo pelo Aranha uma vez, se torna obcecado pelo herói, uma espécie de fã nº 1 dele. Até que um acidente envolvendo enguias e alta carga elétrica irá transformá-lo num ser de pura energia, capaz de viajar pelos cabos elétricos e deixar NY às escuras.

Dane DeHann, por sua vez, dá ao Duende Verde um ar de loucura típico do personagem, mas tem pouco espaço na trama. E o Rino (Paul Giamatti) então, dá só um gostinho do que virá na sequência, uma vez que aparece somente nos minutos finais.

Infelizmente eu vi o filme dublado, o que prejudicou muito o áudio. Tinham falas que eu mal conseguia compreender. Os efeitos visuais são incríveis, mas mais parece um video-game, de tão vertiginosas que são as cenas, principalmente com o Homem-Aranha balançando entre os inúmeros arranha-céus de Manhattan, jogando sua teia pra lá e pra cá.

Pelo menos eles foram fiéis à trama da Gwen (quem conhece a história dos gibis sabe que ela morre ao tentar ser salva pelo Aranha), o que abre espaço para a entrada da Mary Jane no próximo filme, que será lançado em junho de 2016. E já existe contrato para um quarto, que estreará em 2018.

Resumindo: "O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro" é um filme divertido, com ótimas cenas de ação, elenco carismático, mas que poderia ser um pouco menor e sem tantas subtramas.

sábado, 24 de maio de 2014

X-Men e o futuro do pretérito

* Contém spoilers

Você sabe quantos filmes dos X-Men já foram feitos? Vamos lá: "X-Men - O Filme" (2000), "X-Men 2" (2003), "X-Men - O Confronto Final" (2006), "X-Men - Primeira Classe" (2011), além dos filmes do Wolverine: "X-Men Origens - Wolverine" (2009) e "Wolverine - Imortal" (2013). Ou seja, é filme pra caramba, o que faz da franquia uma das mais lucrativas da história do cinema.

E acaba de estrear o novo longa-metragem da série, "X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido", novamente dirigido por Bryan Singer (que havia comandado os dois primeiros). Uma volta triunfal, diga-se de passagem, já que o filme é fantástico!

A históia começa num futuro apocalíptico, onde os mutantes são caçados impiedosamente pelas Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage). Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Kitty Pryde (Ellen Page) e Wolverine (Hugh Jackman), que buscam um meio de evitar que sua raça seja aniquilada.

O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1970. Lá ela ocupa o corpo do Wolverine da época. Para impedir a ação de Mística (Jennifer Lawrence), que havia assassinado Trask, ele terá de convencer os jovens Professor Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) a trabalhar juntos.

Além de rompidos, os dois enfrentam problemas: X perdeu os poderes por causa de remédios que lhe permitem andar e Magneto está preso em pleno Pentágono pelo suposto assassinato de John F. Kennedy, numa das várias referências políticas do filme, que incluem também a Guerra do Vietnã e a era Richard Nixon.

Um belo roteiro, não?



Os efeitos especiais de "X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido" são excepcionais. Preste atenção em como os mutantes enfrentam as sentinelas do futuro, unindo seus poderes em prol de um inimigo em comum. É muito legal. Tem também a cena em que Magneto literalmente arranca um estádio do chão e cerca a Casa Branca. Incrível! Pra não dizer na mais sensacional de todas, quando somos brindados pela performance de Mercúrio (Evan Peters) e sua super velocidade, em meio a um tiroteio na cozinha do Pentágono. Irreverente e magnífica!

Esse lance de colocar as realidades em paralelo, passado e futuro, e como a mudança do passado influi diretamente nos acontecimentos futuros, pode soar um pouco confusa às vezes, mas nada que prejudique a história. Outro mérito foi unir atores de todos os outros filmes, mesmo que alguns tenham apenas algumas pontas. É legal ver seus personagens favoritos ali e até mesmo descobrir o que aconteceu com eles depois desses hiatos. E esse filme abre precedentes também para novos longas-metragens, já que funcionou como um reboot da série.

Como já é de costume nos filmes da Marvel, há também uma cena extra pós-créditos: um jovem de pele azul construindo as pirâmides através da telecinese e sendo idolatrado por uma multidão de egípcios. Trata-se do Apocalypse, um dos maiores vilões do universo X-Men. O filme “X-Men: Apocalypse” já está confirmado para 27 de maio de 2016, com direção do mesmo Bryan Singer. 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Cafetão por acidente

John Turturro é um dos discípulos de Woody Allen. E deve ter uma boa relação com ele, afinal, convencer o diretor a trabalhar como ator num filme que não é dele não deve ser tarefa fácil. 

Em "Fading Gigolo", que no Brasil ganhou o título de "Amante a Domicílio", Murray (Woody Allen) é um senhor de idade que, durante uma conversa sobre sexo, diz que conhece um gigolô. Ao saber o quanto poderia ganhar como cafetão, ele tenta convencer seu amigo, Fioravante (John Turturro), a entrar para o ramo. Só que ele é um pacato jardineiro e não quer se envolver em algo do tipo. Após muita insistência de Murray, Fioravanti topa fazer um programa com a Dra. Parker (Sharon Stone), que está bastante insegura por ser a primeira vez que trai o marido. O sucesso do encontro faz com que a fama de Fioravanti corra entre as amigas da doutora, assim como ele mesmo passa a notar melhor as qualidades da nova profissão.

Uma das potenciais clientes sugeridas por Murray, no entanto, é uma viúva (Vanessa Paradis) que pertence a uma comunidade de judeus ortodoxos. E é justamente ela a que mais vai mexer com Fioravante. Ao tentar seduzi-la, ele acaba se apaixonando por ela, o que coloca em risco a sua fama como gigolô. Mas levar adiante esse amor torna-se complicado, já que ela precisa seguir à risca o que manda a tradição judaica, ao mesmo tempo em que é cortejada por um outro pretendente, o guarda Dovi (Liev Schreiber).

Os atores estão bem nos papéis, a fotografia é bonita e a trilha sonora não fica devendo. Vale ressaltar também a breve participação do "furacão" Sofia Vergara, que com toda a sua beleza chama a atenção como a amiga da Dra. Parker, que quer participar de um ménage à trois com ela e Fioravante.

"Amante a Domicílio" não é nenhuma obra-prima, mas é um filme simpático, que vale a ida ao cinema. E ainda por cima tem apenas uma hora e meia de duração.