Impossível assistir Somos Tão Jovens, a cinebiografia de Renato Russo em cartaz nos cinemas, e não compará-la com O Tempo Não Para, um grande sucesso de 2005. É que o ator Daniel de Oliveira fez uma interpretação tão visceral de Cazuza na época que impressionou a todos. Thiago Mendonça é a bola da vez. A tarefa dele de interpretar o líder da Legião Urbana é ainda mais árdua, uma vez que Renato Russo é uma espécie de unanimidade entre os apreciadores do rock brasileiro dos anos 80 e início dos anos 90. E os fãs da Legião são daqueles tipos apaixonados... mas não é que ele manda muito bem? A aparência física ajudou, claro. Mas ele também caprichou nos trejeitos, modulações de voz e na postura que transformaram Russo em ídolo de várias gerações.
O filme, dirigido por Antônio Carlos da Fontoura, se passa de 1973, período em que a família de Renato Russo se muda para Brasília, até 1983, data do primeiro show no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Na capital federal, Renato descobre que sofria de uma doença óssea rara que o deixou numa cadeira de rodas após uma cirurgia. Obrigado a permanecer de repouso, ele mergulha de cabeça no mundo da música, lendo, estudando, compondo e conhecendo novas vertentes, principalmente do rock britânico. Após melhorar, Renato começa a se envolver com o cenário musical de Brasília, assume uma fase punk-rock e funda o Aborto Elétrico. Brigas e problemas de relacionamento fazem ele desistir do grupo, partir para a carreira solo e, posteriormente, para a Legião Urbana.
Os diálogos do filme estão cheios de referências às letras de músicas que foram sucessos com a Legião. Momentos musicais também não faltam - o que faz a gente cantar junto na sala de cinema, mesmo que baixinho. E os atores cantaram de verdade durante as filmagens, sem playback. Muitos personagens verídicos também estão lá, claro: Fê e Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto, Herbert Viana, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá... o que dá aquela sensação de "Ah, então era assim que eles eram..." Óbvio que o roteiro foi romanceado. Abordaram muito mais o rock 'n roll do que os outros componentes da tríade (sexo e drogas). Até a homossexualidade dele foi retratada de forma leve. Bacana também foi a relação de Russo com a amiga Aninha, uma filha de militar interpretada pela ótima Laila Zaid. O diretor explicou em entrevistas que a personagem foi inserida para representar todas as mulheres com quem Renato se relacionou.
Resumindo: Somos Tão Jovens é um filme bem bacana para quem gosta de música e quer conhecer um pouco mais da genialidade de um dos maiores compositores brasileiros de música pop de todos os tempos. O longa pretende mostrar o início da carreira de Renato Russo, sua formação, e termina num ponto em que você pára e pensa: daqui pra frente eu já sei o que aconteceu! Pode ir aos cinemas, garanto que não será tempo perdido.
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