sábado, 8 de fevereiro de 2014

Coragem além das palavras

É raro um filme ser melhor que o livro que o deu origem. Mas é o que acontece com "A Menina que Roubava Livros", longa-metragem baseado no best-seller de Markus Zusak e que está em cartaz nos cinemas. Pelo menos na minha opinião.

Tem muito tempo que eu li o livro e apesar da maioria amá-lo, eu o achei meio arrastado, monótono até. De algumas passagens eu nem me lembrava mais, mas achei a adaptação muito bem feita, apesar de algumas mudanças na história. A direção ficou a cargo de Brian Percival, reconhecido pelo trabalho na premiada série Downton Abbey.

O filme acompanha a vida de Liesel Meminger (interpretada pela garota canadense Sophie Nélisse). Sua mãe, perseguida pelo nazismo, a envia junto com o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto, deixando a jovem ainda mais sozinha e desamparada. No enterro do menino, o coveiro deixa cair um livro na neve - justamente o primeiro exemplar que ela rouba. O problema é que ela não sabe ler.

O casal que a adota é formado pelo "homem com coração de acordeon", Hans, e pela "mulher com alma de trovão", Rosa Hubermann (vividos por Geoffrey Rush e Emily Watson - excelentes nos papéis). Ela aprende a ler com o incentivo de sua nova família e Max (Ben Schnetzer), um judeu refugiado que eles escondem no porão.

Em meio ao caos e ao branco da neve, ela passará os dias brincando com o apaixonado amigo de escola Rudy (Nico Liersch) e às recorrentes visitas à casa do prefeito, de onde surrupia mais alguns exemplares - ou pega emprestado, como ela mesma diz - e os lê para Max.

Histórias sobre o nazismo são geralmente densas e tensas. E mesmo já tendo lido o livro e sabendo o que ia acontecer, não foi fácil acompanhar o desfecho da história, que é narrada pela própria morte. Por mais que a gente tente segurar, as lágrimas vêm com facilidade.

Sim, "A Menina que Roubava Livros" é um filme muito triste. A cena em que as pessoas vão para um abrigo subterrâneo enquanto a cidade é bombardeada e Liesel começa a contar uma história para entretê-los, abafada pelo som das explosões acima deles, é mesmo de arrepiar. Leve seu lenço e se prepare para sair do cinema "despedaçado"...

Uma frase da morte, dita ao final do filme, serve para refletir: Em meio aos horrores da guerra, uma doce menina é capaz de chamar a atenção dela. Uma menina que têm a vida transformada pelas palavras... como podem ser tão diferentes as pessoas? "É, os seres-humanos me assombram"...


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