terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Criador e criatura

Hoje eu vou falar de "Victor Frankenstein", filme que, apesar de levar o nome do médico criador de um dos monstros mais famosos do cinema, é centrado na figura de Igor, ajudante dele. 

O longa, dirigido por Paul McGuigan, começa muito bem, por sinal. Nos primeiros minutos mergulhamos num universo circense, onde vive o palhaço corcunda interpretado por Daniel Radcliffe. Ele prova mais uma vez que é um excelente ator e dá vida a um personagem bem diferente do Harry Potter que nos acostumamos a ver.

Tudo é muito bonito nessa Londres de antigamente: a fotografia, a direção de arte... os corpos são mostrados como nos livros de anatomia, através de gráficos e esquemas, uma das paixões do jovem corcunda, sempre maltratado pelos colegas.

Numa das apresentações, a bela Lorelei (Jessica Brown Findlay), paixão platônica do personagem ainda sem nome, cai do trapézio. O corcunda consegue salvar a vida dela juntamente com Victor Frankenstein, um dos espectadores do show naquele dia. Nascia ali uma bela amizade.

Impressionado com o feito, Victor resgata o corcunda do circo e o leva para a sua própria casa. Lá ele lhe dá um nome, Igor, e também uma vida que ele jamais sonhara. Mas tudo isso tem um preço. O cientista precisará de ajuda para atingir o grande objetivo de sua vida: criar vida após a morte.

A partir daí somos apresentados às tentativas - muitas vezes frustradas - de Victor em costurar pedaços de corpos de animais e fazê-los reviver com uma forte descarga elétrica. É como se fosse o protótipo do Frankenstein como o conhecemos. E o conhecimento de Igor em "ligar" essas partes se torna imprescindível. Ao mesmo tempo em que é procurado pela polícia, Victor busca financiamento para colocar em prática seu audacioso plano, desta vez tentando ressuscitar um "ser humano".

Um dos pontos altos de "Victor Frankenstein" é a interpretação de James McAvoy como o cientista que dá nome ao filme. Completamente obcecado, ele alterna com primor momentos de lucidez e loucura. Como a história é narrada pelo ponto de vista de Igor, dá pra perceber como é intensa a transformação do seu mestre. E caberá a ele tomar uma importante decisão: desafiar as leis de Deus e ajudar o homem que lhe proporcionou uma nova vida ou viver uma história de amor com Lorelei?

Você deve estar se perguntando: e o monstro Frankenstein, aparece ou não? Sim, ele está lá, grande, feio, com a cabeça quadrada... O destino dele? Só assistindo pra saber. Até me surpreendi com o final, pra ser sincero.

O filme, apesar de não ser um terror clássico, nos ajuda a conhecer a história do homem por trás do monstro. Mesmo não sendo 100% fiel à obra literária de Mary Shelley, é uma boa diversão.


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