sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Suave na nave




Provavelmente você já deve ter assistido um monólogo no teatro. Um único ator em cena, interpretando um ou vários personagens. É preciso ter jogo de cintura pra prender a atenção da platéia ou então a monotonia toma conta do espetáculo. O que vemos na primeira parte de “Passageiros”, novo longa-metragem de Morten Tylden (o mesmo de “O Jogo da Imitação”) é quase isso: um monólogo do ator Chris Pratt.

O astro, que se tornou um dos principais nomes de Hollywood depois do sucesso de “Guardiões da Galáxia” e “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, dá vida a Jim, passageiro de uma nave com destino a um planeta colonizado pela Terra. A promessa de uma nova vida é o que seduziu os quase 5 mil tripulantes a embarcarem nessa aventura. Durante uma chuva de meteoros, a cabine onde Jim hibernava para de funcionar e ele acorda 90 anos antes do tempo programado.

A situação é deseperadora. Sem acesso à torre de comando, ele perambula pelos corredores e compartimentos, numa relação até meio claustrofóbica, apesar das enormes dimensões da nave. Como não enlouquecer? O tempo passa e a solidão só é interrompida graças a Arthur, um garçom-robô interpretado por Michael Sheen, e que vira uma espécie de amigo confidente.

Diante do medo de envelhecer e morrer sozinho, Jim acaba tomando a difícil decisão de acordar um segundo passageiro: Aurora, papel de Jennifer Lawrence. Engana-se quem pensa que a escolha foi aleatória. Consultando o perfil dela nos arquivos tecnológicos da nave, Jim desenvolve uma espécie de amor platônico por ela. No início Aurora acha que a sua cabine também foi avariada, mas não é preciso ser nenhum gênio pra saber que logo ela descobrirá toda a verdade. História de amor ou sentença de morte?

Os conflitos do casal terão que ser deixados de lado quando eles descobrem que a nave está correndo um sério risco e que eles são os únicos capazes de salvar os milhares de colegas em sono profundo.

"Passageiros” é um filme interessante. Os ótimos efeitos visuais ajudam a entender como a nave futurista funciona. Tudo é automatizado e pensado no bem-estar dos passageiros. Assim como na nossa sociedade, quem tem mais dinheiro possui mais regalias.

Apesar dos poucos atores em cena (Lawrence Fishburne completa o elenco), o carisma e talento de Chris Pratt e J-Law seguram o longa em suas quase duas horas. Um drama com pitadas de comédia romântica, com belíssimas cenas do espaço sideral, e que foge das produções convencionais justamente por ser também uma ficção científica. Vale o ingresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário