sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Prisão sem muros


Ainda é sob o efeito arrebatador de "Garota Exemplar", que eu acabei de ver no cinema, que eu escrevo essa resenha, certo de que palavras não serão capazes de descrever o tanto que esse filme é "fodástico", digamos assim. 

Bem, vamos lá: A vida de Amy Dunne (Rosamund Pike) sempre pareceu perfeita. Bonita, inteligente, rica, com vários diplomas... os pais se basearam nela para criar uma personagem infantil que vendeu milhares de livros. Então ela cresceu à sombra desse sucesso. Mas a "Garota Exemplar" esconde um mistério. Seria esse fardo pesado demais para ela carregar?

Já Nick (Ben Affleck) é um escritor bonitão, bem sucedido, e que conquista Amy com sua lábia durante uma festa. O relacionamento parece não ter nada de errado. O sexo é intenso, o romance também e o casamento é apenas consequência disso tudo. O tempo passa e no 5º aniversário da união, Amy desaparece.

Na casa, vestígios de um possível crime. Mas pra onde ela foi? Quem a levou? Estaria ela segura? Seguindo a máxima de que "quem não deve, não teme", Nick chama a polícia e a investigação passa a ser comandada pela experiente detetive Rhonda Boney (Kim Dickens). 

Só que a família de Amy acaba transformando a situação num grande circo midiático e o sumiço da moça vira um caso de comoção nacional. Eis que surge a hipótese de um crime passional. Ao mesmo tempo em que tenta provar sua inocência com a ajuda da irmã gêmea Margo (Carrie Coon), Nick procura descobrir o que aconteceu com a esposa.

Como o filme é cheio de flashbacks, aos poucos vamos tomando conhecimento de que o casamento dos dois não era tão perfeito assim. A crise financeira, perda do emprego e uma doença na família de Nick forçaram o casal a se mudar de Nova York para o estado de Missouri, no interior dos Estados Unidos. É aí que as coisas começaram a desandar.

Não dá pra contar muito mais sem entregar importantes elementos. Mas é incrível como as coisas vão mudando com o desenrolar da trama. O até então "mocinho" nos desperta dúvidas com sua conduta, ao mesmo tempo em que nada é aquilo que parece ser. Prepare-se para muitas reviravoltas. 

A autora Gillian Flynn, que escreveu o best-seller "Garota Exemplar", também cuidou de adaptar o roteiro para o cinema. Estava em boas mãos. E o que dizer da direção de David Fincher? Primorosa. O elenco está muito bem. Affleck é meio "pastel" às vezes, e isso cai como uma luva para o personagem. Já Rosamund Pike é linda, sexy e capaz de carregar com nuances todas as transformações de Amy. 

Quando a história toda é revelada, a gente fica meio "embasbacado". Como o ser humano pode aceitar certas situações e se tornar tão vil, para a sua própria conveniência? Dá pra viver - e conviver - com tamanhas mentiras? É a tal da prisão sem muros, título dessa resenha. 

Ora angustiante, ora revoltante, ora surpreendente, "Garota Exemplar" deve colecionar prêmios pela frente. E será mais que merecido. É a melhor produção do ano na minha humilde opinião. Trocadilhos à parte, é mesmo um filme exemplar. 

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