domingo, 12 de julho de 2015

Road Movie adolescente

O escritor John Green parece ter mesmo caído nas graças dos produtores de Hollywood. Depois do sucesso astronômico de "A Culpa é das Estrelas", mais um de seus livros acaba de ganhar uma adaptação para as telonas: "Cidades de Papel". E olha que vem mais dois por aí: "Deixe a Neve Cair" e "Quem é Você, Alaska?", ambos previstos para estrear ano que vem. Depois de Nicholas Sparks - que teve uma dezena de livros adaptados para o cinema - Green é o novo queridinho do momento.

Ainda não li o livro "Cidades de Papel". O termo é usado para identificar cidades fictícias, criadas pelos cartógrafos e inseridas em seus mapas, para identificar com facilidade quem são os seus plagiadores. É justamente numa dessas cidades que a enigmática Margo Spiegelman (Cara Delevingne) irá se refugiar. Não sem antes bagunçar a vida do protagonista Quentin Jacobsen, carinhosamente chamado de Q (Nat Wolff).

Os dois eram amigos de infância mas acabaram se separando na adolescência. Ela se tornou a garota popular da escola. Ele, o nerd com poucos amigos. Uma noite ela invade o quarto de Q e o convence a participar de um engenhoso plano de vingança contra o ex-namorado e alguns colegas dela. Depois da noite de aventuras ela desaparece, não sem antes deixar pistas sobre o seu paradeiro.

Q começa a seguir essas pistas e decide partir numa jornada de mais de dois mil quilômetros de carro, rumo ao estado de Nova York, para reencontrar Margo. Junto com ele vão os amigos Radar (Justice Smith); a namorada dele, Angela (Jaz Sinclair); a colega de Margo, Lacey (Halston Sage); e Ben (Austin Abrams), responsável pelos momentos mais engraçados do longa-metragem. E olha que eles têm que fazer isso em apenas dois dias, já que precisam retornar a tempo para o baile de formatura.

Num momento em que o grupo está prestes a se formar e partir cada um pra um lado, eles irão viver inúmeras situações pela primeira vez, o que irá marcar para sempre o fim da adolescência e o início de suas vidas adultas. Mas será que Margo quer ser encontrada? Isso você terá que descobrir indo aos cinemas.

O grande mérito do filme está no carisma de Q. Natt Wolff confere ao personagem um ar de ingenuidade que faz com que a gente torça por ele o tempo todo. Como todo rapaz de 18 anos, ele alterna momentos de muita responsabilidade com outros de pura inocência - a cena em que ele e os amigos cantam a música-tema do desenho animado Pokemón, para espantar o medo ao invadirem uma loja abandonada, é hilária!

A modelo londrina Cara Delevingne, apesar de bonita, não é lá muito carismática. Com um ar blasé o tempo todo, a impressão que fica é que Q merece alguém muito melhor. Mas quem controla o coração, não é mesmo? Pra mim, o fato de Margo estar sempre em fuga reflete muito mais um transtorno psicológico do que simplesmente a busca por novas experiências.

Ah, detalhe para a participação de Ansel Elgort (o Augustus Waters de "A Culpa é das Estrelas") como o vendedor de loja de conveniência de um posto de gasolina. A rápida aparição dele foi suficiente para arrancar suspiros e gritinhos da plateia no cinema - o que mostra que o público de "Cidades de Papel" é o mesmo do outro filme adaptado da obra de John Green.


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