sábado, 5 de julho de 2014

Alguns infinitos são maiores que outros


Assim que fiquei sabendo que "A Culpa é das Estrelas", de John Green, ia virar filme, corri para ler o livro. É que como em 90% dos casos as adaptações cinematográficas costumam ser inferiores às obras literárias, quis tirar a prova.

Gostei muito do livro (que é daqueles em que se lê em poucos dias). Apesar do tema denso - o câncer na adolescência, os protagonistas não ficam se vitimizando... zombam com frequência de suas próprias limitações, ao mesmo tempo em que fazem perguntas e se indagam sobre a vida, a morte e seus legados. Poucas vezes vi um humor tão ácido e irônico em personagens tão jovens, porém maduros.

Bem, mas se você não leu o livro nem viu o filme, vamos à história: Diagnosticada com câncer, a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) se mantém viva graças a uma droga experimental. Com dificuldades respiratórias, ela precisa se adaptar à nova vida. Deixa de frequentar a escola e passa a estudar por conta própria, enquanto carrega um cilindro de oxigênio pra cima e pra baixo.

Forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão, ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que precisou amputar uma perna devido ao câncer. Os dois possuem visões muito diferentes de suas doenças: Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros, já Augustus sonha em deixar a sua própria marca no mundo.

Apesar das diferenças, eles se apaixonam. Juntos, atravessam os principais conflitos da adolescência e do primeiro amor, enquanto lutam para se manter otimistas e fortes um para o outro.


Um dos pontos altos do livro/filme é a viagem de Hazel e Gus para Amsterdã, na Holanda, onde eles vão se encontrar com o autor de "Uma Aflição Imperial", livro de cabeceira de Hazel. Como o livro termina no meio de uma frase, os dois, movidos pela curiosidade, querem saber dos desdobramentos da história. O que não esperavam era se deparar com um homem amargo, alcoólatra e pouco receptivo (numa ilustre participação do ator Willem Dafoe).

A adaptação para a telona foi bem feita, apesar dos tradicionais cortes que sempre acontecem. Neste caso, uma amiga de Hazel nem é citada, a venda do balanço da casa dela é deixada de lado, a família de Gus pouco aparece, o desfecho de "Uma Aflição Imperial" escrito por Gus e deixado para Hazel nem é mencionado... mas isso não prejudica o andar da história.

Shailene e Ansel, que já haviam trabalhado juntos em "Divergente", são ótimos atores, carismáticos, e têm uma boa química entre si. O amor dos dois é acompanhado sempre de perto pela possibilidade da morte, o que vai preparando o espectador para encarar o pior, como que numa tentativa de nos blindarmos caso algo de ruim aconteça. Bobagem! Até parece que dá para segurar as lágrimas nessas horas... se eu chorei lendo o livro, imagina com o filme!

"A Culpa é das Estrelas" já é uma das boas surpresas do ano. Um filme sensível e tocante que vai te fazer refletir sobre a brevidade da vida.

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