terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quem vai pedir pra sair desta vez?


Nunca se viu tanto um filme nacional desde a retomada (1994) quanto Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro. O longa-metragem já acumula um público de cerca de 7 milhões de pessoas. Lançado sob forte esquema de segurança - já que o primeiro "vazou" antes da estreia e deixou de contabilizar milhares de espectadores, que viram cópias piratas - a continuação da saga do Capitão Nascimento é até melhor que o original.

O filme começa com uma cena tensa: o carro do protagonista é alvo de uma emboscada e acaba sendo cravejado por balas. A partir daí fica a dúvida: seria o fim do nosso herói? - Sim, o Capitão Nascimento (interpretado magistralmente por Wagner Moura) fez tanto sucesso que acabou se transformando numa espécie de mito da polícia brasileira.


Acompanhamos então os acontecimentos anteriores e descobrimos que o então chefe do Bope, depois de uma rebelião no presídio de Bangu I, é promovido e assume um cargo na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Estaria ele pronto para lidar com tanta burocracia?

Separado da mulher, ele ainda tem que lidar com o atual marido dela (um professor defensor dos direitos humanos), o filho adolescente em crise e a desconfiança do então amigo André Matias, policial do Bope que perde o cargo e vai parar na PM do Rio.


Achei Tropa de Elite 2 melhor que o primeiro. Menos violento e mais político. Impossível não reconhecer as situações vividas pelos personagens com a nossa realidade, apesar deles enfatizarem que trata-se de uma obra de ficção e que qualquer semelhança é apenas uma coincidência.

É impressionante como o filme também desperta na gente um misto de sensações diferentes: indignação com a cara-de-pau dos políticos corruptos, repulsa com as cenas de violência, tristeza com a morte de inocentes, admiração pela conduta de uns poucos, enfim, uma sequência inteligente, crítica, que põe o dedo na ferida.


No elenco, além do já citado Wagner Moura (que se entrega ao papel de forma quase que visceral), destaque também para Seu Jorge, André Ramiro e Milhem Cortaz. E é claro que não poderia deixar de citar o trabalho do roteirista Bráulio Montovani e do diretor André Padilha.

Tropa de Elite 2 merece mesmo ser o filme nacional mais visto desde muito tempo. Resta saber quem ousará tirar este título do agora Coronel Nascimento. Sim, desculpe entregar mas ele não morre na emboscada do início do filme.

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