Muitos podem enfatizar as semelhanças com Dois Filhos de Francisco, já que o diretor é o mesmo, Breno Silveira. Mas ao contrário do que possa parecer, ele não quis mostrar apenas a visão romântica do sucesso de Gonzagão, antes pelo contrário. Ele bota o dedo na ferida ao retratar um pai ausente, que "abandona" o filho ao investir na carreira, achando apenas que dinheiro e uma boa educação bastavam. A trama nos é apresentada em flashback, contada ao filho pelo próprio Luiz Gonzaga, numa visita que aconteceu nos anos 80.
Nascido em Exu, no interior de Pernambuco, Gonzaga ajudava o pai, Seu Januário, a fabricar sanfonas. Desde jovem já tinha uma relação estreita com o instrumento. O filme mostra as apresentações nos primeiros bailes para o povão, o amor adolescente com a filha do Coronel local (que ele teve que abdicar por ser mulato e pobre), a ida para Fortaleza, o alistamento no exército, a chegada ao Rio, a participação no programa de rádio de Ary Barroso, a mudança de estilo, o nascimento do filho e a morte prematura da esposa, o sucesso absoluto com o público, o recebimento do título de "O Rei do Baião"... tudo permeado pela relação conflituosa com o filho. Aos poucos a gente vai tomando partido nessa briga em que ambos saíam perdendo.
Um dos méritos do longa-metragem é apostar no uso de cenas reais, gravações de arquivo e fotografias de Gonzagão e Gonzaguinha para compor a história. E o processo de caracterização dos atores foi impressionante. O músico Chambinho do Acordeon, mesmo sem nunca ter trabalhado como ator, dá vida a um Luiz Gonzaga convincente entre os 27 e 50 anos. Julio Andrade, por sua vez, interpreta Gonzaguinha dos 35 aos 40 anos - e ele está igualzinho!
Um dos méritos do longa-metragem é apostar no uso de cenas reais, gravações de arquivo e fotografias de Gonzagão e Gonzaguinha para compor a história. E o processo de caracterização dos atores foi impressionante. O músico Chambinho do Acordeon, mesmo sem nunca ter trabalhado como ator, dá vida a um Luiz Gonzaga convincente entre os 27 e 50 anos. Julio Andrade, por sua vez, interpreta Gonzaguinha dos 35 aos 40 anos - e ele está igualzinho!
E eu nem preciso falar da trilha sonora, né? Me peguei cantando baixinho Vida do Viajante, Asa Branca, Qui Nem Jiló e outros grandes sucessos do Rei do Baião. E ainda tem as belas composições do Gonzaguinha!
Gonzaga: De Pai Pra Filho é triste, emocionante, e faz a gente torcer pela reconciliação de pai de filho. Afinal, quem nunca teve uma briguinha com pai ou mãe e ficou com a consciência pesada depois? Que bom que no final tudo deu certo e o público da época pôde assistir a uma turnê em conjunto dos dois. Até a morte de Luiz Gonzaga, de parada cardiorrespiratória, em 1989, e a de Gonzaguinha, num acidente de carro, em 1991.
Mas uma coisa é certa: o legado de ambos continuará para sempre na história da cultura brasileira, pois onde houver uma sanfona, lá estará Luiz Gonzaga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário